Aos 10 anos achava que era algo engraçado, que
deixava as pessoas abobalhadas e que nunca aconteceria comigo.
Quando cheguei perto dos 15, o definia como algo
belo e infinito, e o desejava intensamente. Me apaixonar perdidamente e viver
um conto de amor, chegou a aparecer com frequencia entre meus pedidos de aniversário e
Natal. Nesta fase, busquei em todo canto por alguém que me ajudasse a construir
essa história e acreditei, com todas as certezas, ter encontrado a pessoa certa
inúmeras vezes, fora as que me garantiram que estariam para sempre ao meu lado,
até que com o tempo aprendi que o "para sempre" tem prazo, muitas vezes durando
semanas, meses e, raramente,
anos.
Aos 18 anos o descrevia como
"inalcançável". Após constantes desilusões, havia deixado de procurá-lo e
me auto-conscientizava de que
poderia ser feliz sem este sentimento, mas dentro do peito ainda alimentava uma
esperança de esbarrar com minha alma gêmea em cada esquina em que
dobrasse.
Hoje, aos 20, será que já fui capaz de amar e
ser retribuído á altura? Posso dizer que sim. Dentre tantas tentativas
frustradas, acabei por descobrir meu lugar onde menos esperava. Tive ao meu
lado, durante muito tempo a pessoa certa, mas por decisão do destino, tivemos a
chance de construir uma base
sólida de amizade e companheirismo primeiro, para depois olharmos com mais
atenção um para o outro. Em quase 1 ano de relacionamento, nos conhecemos mais
do que qualquer outro conhece, nos divertimos em diferentes lugares, conversamos
durante horas sobre diversos assuntos, discutimos por futilidades, brigamos com
frequencia, terminamos numa
semana, voltamos na outra... e assim, cheguei a outra definição sobre o amor. O
amor é um vício louco, para loucos. Ele te faz um mal imenso, para poder te
fazer a pessoa mais feliz do mundo. O amor te faz discutir por bobagens, sentir
ciúmes de quem não lhe oferece ameaça alguma, te leva a ficar sem comer sem ter
grandes motivos, a fazer birra, em silêncio, esperando ser mimado para voltar a
falar, ser cabeça dura e aguentar o quanto puder para não se desculpar, mesmo estando errado.. Pois
são essas atitudes que resultam nas mais calorosas e ofegantes reconciliações,
declarações de amor verdadeiras, demonstrações de preocupações e
atenções aconchegantes e tantas outras coisas que somente uma relação conturbada
e apaixonada é capaz de proporcionar.
Posso ser julgado por tentar idealizar um sentimento tão
complexo, levando em conta tão pouco tempo de experiência, se observado numa
visão geral. Mas lhe afirmo que não é o tempo que determina o quanto você
pode entender sobre determinado assunto, mas sim, o tamanho do envolvimento e do
interesse que se tenha pelo mesmo. E por ser um romântico nato, chegando
a aparentar e a ser feito de tolo algumas vezes por isto, me sinto no direito e
com conhecimento suficiente para expressar com segurança sobre este tema.
Certamente daqui alguns anos, terei um opinião muito
diferente sobre este sentimento e fico satisfeito com isso, pois é extrema a
proporção de auto-conhecimento que pode ser adquirido errando e aprendendo a
amar e a ser amado.
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